terça-feira, 21 de junho de 2011

Cap.IV - HISTÓRIAS DE MARIA CÉLIA .

A CHEGADA DO CARRO



Terça-feira acordei cedo, o céu estava nublado, parece que iria chover muito, mas acho que daria para a gente ir à praia só para ver o mar, a chuva deve vir lá pelo início da tarde e, apesar de tudo, o calor e o mormaço convidava a um passeio à beira mar. Estava terminando de colocar o biquíni quando caiu uma tempestade. Bom, é hora de trocar de planos, vamos ver e-mails. Neste momento meu telefone tocou era meu filhote Zeca informando que a cegonha que ia trazer meu carro para João Pessoa havia chegado e que era para eu entrar em contato com a empresa para ir buscá-lo.

Meu Deus, eu já sabia que esta transportadora ficava na saída de João Pessoa, e eu não sou lá essas coisas de boa motorista em dia normal, imagine chovendo e sem conhecer o caminho... Além disto, o carro tinha virado o “meu caminhão de mudanças” e trazia malas e malas, pacotes e mais pacotes dentro, sem falar nas roupas de cama, mesa e banho. Lá também tinha panelas, aparelhos de massagens, CDs e livros aos montes e muitas, mas muitas fotos. Afinal eu ia organizar meus álbuns... Pensei em ir de taxi, levar a Neves e voltar atrás do taxi com a Neves e as malas que tampavam minha visão. Deus do céu, será que não tinha nada mais fácil, não? Ideia! Finalmente falei com o gerente da transportadora e pedi que entregassem meu carro no apartamento. Combinamos por R$ 80,00, bem mais em conta do que se fosse de taxi.

Pir volta das duas horas da tarde o carro chegou, lindo, em cima de uma carreta. Chique demais! Finalmente eu retornava a vida dos andantes. 

Fiquei pensando se pedia para o motorista da empresa colocar ou não o carro na garagem, na minha vaga estreitinha como todas as que a gente conhece. Fiquei horririzada com a situação que me encontrava, se colocasse o carro na garagem nunca mais ia dar conta de tirar ele de lá. Se não colocasse tinha que ficar de fora, e ele estava cheinho de mudança...   Bom, finalmente eu resolvi ficar sem carro e pedi para que fosse guardado na garagem.

Finalmente enchi de coragem e fui subir a mudança. Logo, logo percebi que meu carro tinha que continuar sendo um guarda roupa. Levei malas, algumas roupas de cama, banho, panelas e meus papeis, CDs e fotos. As minhas fotos...

Aquela tarde foi só de arrumação. À noitinha tempo bom, a chuva foi embora, saímos às três velinhas para passear na praia, Nair estava toda feliz na cadeira de rodas, afinal ela tinha duas motoristas para carrega-la e os joelhinhos não iriam mais quebrar.

Camarão, cervejinha gelada, queijo coalho e lá ficamos a relembrar outros fatos. Engraçado como guardamos momentos preciosos de nossas vidas escondidos bem dentro da gente, e é só um toque que as coisas venham  tropeçando uma atrás da outra, nos fazendo rir, chorar e até mesmo sonhar. Foi assim aquela noite. 

Só os velhos sonham e escondem seus sonhos para não serem rotulados de chatos ou ridículos, eles querem atenção, respeito e amor, amor incondicional com aceitação de seus defeitos, sem serem cargas pesadas para ninguém.
 Para não serem rejeitados ficam calados, quietos nos cantos, quase que invisíveis, esquecem-se de sorrir e contam os dias para ir embora. Dão o que têm e o que podem e não pedem nada em troca, talvez porque estão cansados de escutarem que dão muito, muito trabalho.
Quando fui dormir, agradeci a Deus pela oportunidade desta experiência e pedi coragem para enfrentar o medo da garagem!


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