quinta-feira, 26 de maio de 2011

Cap. II -MINHA VIAGEM A JOÃO PESSOA - A CHEGADA.

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                                                                     A CHEGADA 

A chuva caia fininha e o taxi parou na porta de um prédio de apartamento que tinha muitas lojas em baixo. Chegamos ao nosso novo endereço. Mas lá tinha muita, mas muita escada. Imponente elas pareciam dizer para nós, três indefesas velhinhas -“Fora suas forasteiras, aqui vocês não entram! Quero ver vocês subirem a terrorista mor!”

 Eu olhei para a Neves, que estava petrificada, pálida, branca como a lua que não aparecera naquela noite... Como iriámos carregar os 70 quilinhos da Nair degraus acima, sem cadeira? E pensar, que nenhuma de nós duas sabia fazer cadeirinha com os braços. Mas isto não era nada! As malas foram saindo do taxi, gordas, enormes, cheias de coisas inúteis, eu pensei, e tive uma vontade imensa de dá-las para um bêbado que passava do outro lado da rua.

Graças a Deus recobrei a minha sanidade e olhei para a madrinha Nair que saia devagarinho do taxi, perna direita, agora a esquerda, puxa o corpo aqui, reclama do inchaço das pernas e finalmente coloca a cabeça para fora, mas senta de volta correndo e fala: - “Não saio! Tá chovendo!!!! Cadê a sombrinha?”

Fiquei pensando porque ela tinha escondido tanta tesourinha e não tinha se lembrado da sombrinha!  Também pudera, quem pensa numa praia com chuva! Olhei as horas 3:17 da manhã, pelo jeito a chuva intermitente e fininha iria até o dia seguinte, quanto será que ia me custar um taxi até as seis e meia da manhã seguinte?

 Contava o dinheiro que tinha trazido quando vi a minha comadre Neves subir as escadas com duas malas, o taxista levando mais outras duas, e eu fiquei pensando cadê as minhas duas? Será que ficou no outro taxi e aí eu saí correndo para carregar o meu quinhão e já estava quase pegando as malas restantes quando me  lembrei de que a Nair continuava sentada no taxi. Estava desorientada. Não sabia se pegava as mala ou se ficava com a Nair. Quando estava neste dilema aconteceu algo que me deixou  aliviada. Linda, reluzente, no meio da noite vinha uma sombrinha andando em nossa direção. Amarela, imensa como um sol!  Eu não sabia se saia correndo ou se pedia uma ajudinha para o fantasma, que certamente estava carregando a sombrinha. A aflição era tanta que, quando eu vi já estava falando: –“Seu fantasma eu gosto muito do senhorzinho, será que você pode dar uma caroninha no guarda chuva  para esta velinha aqui, que está sentadinha no taxi?”. Foi aí que ouvi a risada gostosa do moreno, que de uniforme azul escuro, vinha carregando a sombrinha.   O meu problema da chuva, e do valor que o taxi iria nos custar estava resolvido! Finalmente podia tirar a minha velinha  do taxi e, feliz, fui ajudando-a a ir em direção ao edifício de apartamento.

N osssa!!!!!!!!!!!!!!! As escadas!!!!!!! Como vamos fazer? Nair não sobe escadas!!!!!

O porteiro olhou para a minha velinha, avaliou o peso, olhou para as malas, já  colocadas no topo da escada e nos informou: - “Vou subir as malas pelo elevador de serviço. Aguardo as senhoras no saguão de entrada!!!

E lá fomos nós três subir as escadas.Levanta o pé, Só mais um,  falava encorajando.
-Não vou dar conta! Fico sentada aqui! Traz uma cadeira.  Um cobertor e durmo aqui mesmo! Meu joelho vai quebrar!Falava madrinha Nair
E foi assim que subimos degrau por degrau.

Parecíamos um bando de adolescentes chegando depois de uma festa. Riamos da cena e empurrávamos a madrinha escada acima. O morador do primeiro andar acendeu as luzes e fez um -xiiiiiiiiiiiiiii! da janela e aí era  que a gente ria mesmo. Será que ele queria fazer xixi e estava avisando todo mundo? O bêbado chegou mais para perto, parou e ficou nos olhando e acabou falando:-“Bebí demais, estou tendo visão de coisa ruim!”

Eram 3,47 e agora estávamos orgulhosas em frente ao elevador.  Suadas, molhadas, cansadas mas invencíveis.
-"2º andar à direita”, nos  informou o elegante porteiro, que mais tarde soubemos que se chamava Sebastião

Finalmente chegamos! A porta do elevador abriu e deparamos com um corredor longo, longuíssimo à direita e a Neves, sarcástica, nos informava que o nosso apartamento era o primeiro, de lá para cá. Novo tumulto, agora a Nair queria dormir no elevador. Bom ali era bem melhor. Não tinha vento, e nem ia nos custar nada deixar ela lá dentro, além do que ela ia subir e descer bastante e isto podia ajudar a embalar o sono dela. Já estava quase buscando uma cadeira para colocar no elevador quando ela, toda emburrada, falou: -“ Tá bem eu vou, mas meu joelho vai quebrar!!!”

Devagarinho fomos andando, igual procissão de Goiás Velho, uma ao lado da outra de braços dado com a nossa velinha que, finalmente, entrou no apartamento 201. Tentamos acender as luzes, nada.

Parecia que as bruxas estavam soltas, eram 4:20 da madrugada e estávamos agora dentro de um apartamento, sem condições de andar. Neves entrou, ligou o celular e viu uma cadeira e devagarinho levamos a nossa joia preciosa, a chefe do bando,  para sentar e descansar o joelhinho, antes que ele quebrasse!

Voltei à recepção e expliquei ao porteiro que o apartamento não tinha luz.
-“Ah! Os donos  quando vão embora desligam as luzes, Tem um registro na parede da sala perto dos quartos, é só ligar.”

Subi feliz com a notícia, pior seria se a luz estivesse cortada. Agora era a vez da Neves atuar. “Net, você, que enxerga melhor, procura um quadro na parede perto dos quartos.”
“-Pera aí, vou pegar meus óculos.”

  Aí começamos outra ação de guerra: a procura dos óculos da Neves.”- Deixei aonde? Na mala, na malinha de mão ou na bolsa?” Cada uma destas coisas estavam cheinhas de outras coisas e depois de uma frenética procura, onde calcinhas, sutiãs e perfumes formam misturados com sapatos e celulares, finalmente encontramos a caixinha dos óculos da Nevinha. Caramba! Eu tinha uma velinha que era cadeirante e uma outra que era deficiente visual.

E foi assim ligando e ligando o celular, tateando as paredes que finalmente a Neves descobriu a caixinha de luz bem no meio da sala, em cima de um armário, bem escondida para ninguém achar!

Ligou a luz! Viva! Fiquei pensando o quanto Deus ficou feliz quando Ele fez a luz!!!
Era bom demais ver tudo clarinho. Nair sorriu aquele sorriso grande que só ela tem, finalmente chegamos. Eram  4,48 e tudo era uma maravilha. O som das ondas do mar chegava até nós como que a nos dizer:”- Parabéns! Vocês conseguiram!”

Nair deitou, não quis tomar banho, estava limpinha, limpinha, até o rosto já tinha sido lavado pela chuva fininha da madrugada. Um Ai! Cortou o silencio sepulcral do edifício. Parece que era dentro do apartamento. Sai correndo  para o quarto da Neves e ela estava com a cabeça fora do box do banheiro falando: -" Não tem agua quente! A agua está um gelo!”

Não podia ser verdade! Depois de um dia, ou melhor, uma noite como aquela a gente merecia um banho quente. Lembrei-me do Sebastião!!1 Quem sabe ele sabia consertar chuveiro e ai fui para o interfone e liguei para  a portaria. -“Alô!”- falou com voz de quem estava dormindo há pouco tempo, e muito cansado.

-Seu Sebastião o chuveiro estragou, o senhor sabe consertar?”
-"Não dona, o chuveiro não estragou não, está só desligado, tem uma chavinha dentro de um painel no banheiro e é só abrir e virar para a esquerda." Feliz, voltei para o quarto e passei as coordenadas para a Neves. Uma caixinha no banheiro, e é só abrir e virar uma chave para o lado esquerdo..

 Aí descobrimos que não existia nenhuma caixinha no banheiro. Uma imensa placa de fibra de vidro recobria toda a parede onde o chuveiro estava, e havia uma divisória imensa na parte de cima. Como abrir? Não tinha porta, alça, buraco, nada!!! Só aquele risco fininho da divisória. Bate aqui, bate ali, nada. Finalmente resolvemos chamar o porteiro que muito gentilmente veio nos ensinar a abrir a caixinha mágica da agua quente. Eram 4:55 quando finalmente começamos a nos banhar. Banhar é bão demais! Enquanto tomava banho lembrava das amigas das minhas filhas da cidade de Anicuns que falavam: “Vamu banhá!” 
 Gente, eu estava finalmente banhando!!!1

Cinco horas, o sol começava a raiar no horizonte e eu ajoelhei e agradeci a DEUS por mais um dia, ou melhor, uma noite de aprendizado, e bota aprendizado nisto! Obrigada Senhor! Boa Noite! Hoje, entre tantas coisas, apreendi que era hora de comprar uma cadeira de rodas para a Nair, que não precisávamos de tudo aquilo que estávamos carregando e que banhar e ter luz elétrica era bão demais!

Amanhã vou contar mais histórias interessantes de JP.



MCLeāo






quarta-feira, 25 de maio de 2011

Cap. I- MINHA VIAGEM A JOÃO PESSOA - O EMBARQUE



                                 



Meus amores queridos!
As c
oisas mais incríveis acontecem comigo.  

Cheguei aqui em João Pessoa e o apartamento, gentilmente cedido pela minha amiga Marieta, tinha dois quarto e éramos três velinhas cheias de roncos e manias, a mais novinha com 56 anos, eu 68 e a mais velinha 94 anos. Imagine a cena! kkkk!

Como boas meninas trouxemos cada uma duas malas, com as nossas roupas, produtos e equipamentos de embelezamento: escova de dente, sabonete, xampus, perfumes e pente de cabelo. O que mais mesmo que velinha usa? Ah, fraldas descartáveis, pó de fixar dentaduras e muito esmalte cor de rosa de enterro. Lindos!!!!
Chegamos às 3h da manhã. Atrasamos o voo da TAM porque a velinha mór, a madrinha Nair, colocou 27 tesouras na sua mala de mão de uns 10kg mais ou menos e na hora de passar na vistoria de malas dentro dp embarque foi um horror, chamaram até o agente de polícia do aeroporto de Brasília. 

A segurança tinha descoberto três velinhas terroristas, a chefe pilotava uma cadeira de rodas, e estavam fortemente armadas de tesouras, tesouronas e tesourinhas, e que certamente estavam planejando sequestrar o avião da madrugada, que ia para João Pessoa.

A segurança só via as tesouras pelo painel de busca, mas eu não encontrava as tesouras  porque estavam muito bem escondidas na maleta de mão. Foi uma cena incrível. Mala aberta, objetos espalhados, calcinhas tipo ceroulas, sutiãs, bolsa de agua quente, remédios de pressão, de dor de cabeça, de estomago, saquinhos de plástico cheinhos de bugigangas, botões, alfinetes, muita linha e centenas de agulhas!!!
 Ah! As agulhas causaram o maior alvoroço!!! Passavam de mão em mão e todos olhavam para nós com aquele olhar de quem descobre um plano macabro e vai acabar com a brincadeira, que certamente teria graves consequências e até mesmo mortes.

Madrinha chorava a cada tesourinha que ia sendo colocada numa caixa, acho que de tesouros. Ao nosso lado tinha um torturador de velinhas que falava: Vamos depressa, pega as tesouras! Logo! Rápido! vocês vão perder o voo! Vamos, andeM, depressa o avião está só esperando vocês!

Eu não sabia se procurava na mala as tesouras, se abandonava as malas ou se corria para o avião! Foi um horror!
E a cada palavra, saia uma tesoura que era entregue ao segurança e a madrinha, com voz desesperada suplicava-"Esta é lembrança de minha irmã Aide, aquela foi minha mãe que usava, a outra comprei no Paraguai, essa maior não, pelo amor de Deus, ela me acompanha a vida inteira, é como uma irmã!” E assim foi. No final ficaram com pena dela e pelo fato de ser uma cadeirante centenária devolveram três ( uma, duas três) minúsculas tesourinhas de pontas arredondadas. Ponta arredondada pooode!

E dizer que um repórter da Globo viajou com armas pelo Brasil todo e não foi incomodado nenhuma vez pela segurança dos aeroportos, de certo é porque ele não foi de madrugada para João Pessoa
Quando nos liberaram para ir pegar o avião fiquei muito brava com a madrinha por não ter me explicado antes como ia ser o plano do assalto ao avião pagador! Porque não tinha colocado as tesouras na calcinha? Ia ser muito mais fácil do que abrir uma mala de 10kg no meio do avião! “Mas ela sorria enigmaticamente e falava:-” Estas meninas de hoje não tem mais senso de aventuras, morrem de medo e não têm mais nenhuma criatividade!"

O pior foi a hora que entramos no avião. Todo mundo nos olhava de uma maneira nada agradável, fiquei imaginando se era pelo atraso do voo ou se todos já sabiam do ato terrorista que as velinhas tinham planejado.
Com o plano descoberto e fracassado chegamos a João Pessoa com duas horas de atraso. Chovia torrencialmente e tivemos que vir em dois táxis, um para as velinhas e suas bagagens de mão, e o outro carro veio com as malas restantes.

Bom, o resto de conto depois...

domingo, 22 de maio de 2011

LEMBRANÇAS




 

 
 Vou começar agora a postar as minhas lembranças, fotos de pessoas queridas que dividiram momentos inesquecíveis comigo. Este é um espaço de encontro e reencontro de sonhos e de vivencias que me transformaram, mudando pensamentos e desejos. Aos meus amigos e aos meus amores deixo um convite para juntos refazermos essa história que  nunca foi esquecida em nossos corações.

MCLEÃO